Dependendo do diagnóstico por trás da infertilidade e das especificidades de cada caso, o casal pode receber indicação para as três técnicas de reprodução assistida disponíveis atualmente: RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro).
Consideradas técnicas de baixa complexidade, por contarem com a fecundação no interior das tubas uterinas, a RSP e a IA são conjuntos de procedimentos indicados principalmente para infertilidade feminina leve – embora a IA também atenda a alguns casos de infertilidade masculina e casais homoafetivos femininos.
No ciclo de tratamento com a FIV, no entanto, um procedimento projetado para superar a infertilidade e gerar uma gravidez, em geral, os ovários são estimulados por uma combinação de medicamentos para fertilidade e, em seguida, um ou mais oócitos são aspirados dos folículos ovarianos e fertilizados em laboratório (“in vitro“).
Posteriormente, um ou mais embriões são transferidos para a cavidade uterina no momento em que o útero se encontra pronto, a técnica é considerada de alta complexidade, sendo, por isso, também a mais abrangente.
Independentemente disso, todas as técnicas são divididas em etapas – e este texto mostra em detalhes as cinco fases dos tratamentos com a FIV.
Boa leitura!
Quem pode recorrer à FIV?
De forma geral, podemos dizer que a FIV pode ser uma opção para praticamente todas as demandas reprodutivas. Atualmente, a experiência se acumulou, as taxas de sucesso aumentaram e as indicações para procedimentos se expandiram, incluindo os casos mais complexos de infertilidade masculina e feminina, a preservação da fertilidade e as gestações com doação de óvulos e sêmen.
Vamos conhecer algumas delas.
A infertilidade conjugal pode ser provocada por fatores masculinos e femininos, cujas causas mais recorrentes – e que para as quais a FIV pode ser indicada – podem ser encontradas na lista a seguir:
Fator tubário: FIV é a terapia primária se as tubas estiverem completamente bloqueados ou ausentes;
Infertilidade grave do fator masculino: fator masculino leve pode ser tratado com inseminações. Se o fator masculino for grave, a fertilização in vitro é a terapia primária de escolha, como por exemplo, quando a contagem de espermatozoides ou motilidade espermática é baixa, ou os espermatozoides precisam ser extraídos cirurgicamente dos testículos;
Idade reprodutiva avançada ou reserva ovariana diminuída, visto que o tempo para a concepção é crítico e as taxas de gravidez com outras terapias são mais baixas;
Uma doença genética hereditária que desejam evitar passar para seus filhos: nesse caso, a fertilização in vitro é combinada com o diagnóstico genético pré-implantacional – PGT. Isso significa que os embriões são testados para a doença e apenas aqueles sem a doença são transferidos para o útero. O PGT (teste genético pré-implantacional), pode atuar na prevenção de doenças genéticas hereditárias ou não. Importante ressaltar que o rastreio embrionário para doenças genéticas só é possível com a FIV;
Insuficiência ovariana prematura, embora óvulos de uma doadora sejam necessários nesse caso;
Fator uterino: se grave, como a síndrome de Asherman ou distorção irreparável da cavidade uterina, pode ser necessária a gravidez de aluguel em conjunto com a fertilização in vitro;
Todas as outras causas de infertilidade, como por exemplo, endometriose, distúrbios da ovulação, infertilidade inexplicada, se o tratamento com outras terapias não for eficaz.
Conheça as cinco etapas da FIV
Estimulação ovariana
A primeira etapa do procedimento de fertilização in vitro é a estimulação ovariana, que geralmente envolve o uso de medicamentos para fertilidade para aumentar o número de óvulos (folículos) que se desenvolvem nos ovários e controlar o tempo de ovulação .
O número de folículos que se desenvolve depende dos ovários e dos níveis hormonais de cada paciente. Na maioria dos casos, ocorre o desenvolvimento de mais do que 2 folículos e, em alguns casos, mais de 20 podem se desenvolver. O regime de estimulação é selecionado com base no diagnóstico da mulher e nos protocolos do centro de fertilização in vitro.
Você deve entrar em contato no primeiro ou no segundo dia de sangramento menstrual para agendar uma consulta para exames de sangue e um ultrassom. O primeiro dia de sangramento menstrual é considerado o primeiro dia do ciclo.
Se esses testes estiverem normais, você receberá uma data para começar a se autoadministrar com as injeções hormonais para estimular o crescimento dos folículos do óvulo.
Na maioria dos casos, você se auto aplicará uma injeção uma vez por dia, geralmente à noite. A injeção pode ser administrada sob a pele, em vez de profundamente no músculo. Todo o processo de estimulação ovariana é monitorado por exames laboratoriais (dosagens hormonais) e de imagem, como a ultrassonografia pélvica transvaginal, que indicam o auge do desenvolvimento folicular e, assim, o momento ideal para a coleta de gametas.
Coleta de gametas
A coleta de gametas femininos é feita por aspiração folicular, um procedimento simples para recuperar os óvulos. O médico insere uma sonda de ultrassom por via vaginal e usa uma agulha acoplada para aspirar o óvulo de cada folículo. O procedimento leva cerca de 15 a 30 minutos, dependendo de quantos folículos estão presentes, e é realizado sob sedação .
Simultaneamente deve ser feita a coleta de sêmen. Na FIV os gametas masculinos podem ser conseguidos com uma amostra de sêmen obtida por masturbação, mas também por recuperação espermática, especialmente quando há diagnóstico de azoospermia.
Na recuperação espermática, os espermatozoides são coletados diretamente dos epidídimos, pelas técnicas PESA e MESA, ou nos túbulos seminíferos – onde acontece a espermatogênese –, por TESE e micro-TESE.
De qualquer forma, é comum que as amostras de sêmen sejam submetidas ao preparo seminal, que seleciona subamostras contendo uma concentração maior de espermatozoides viáveis.
Fecundação
Após a coleta de gametas, os óvulos são combinados com espermatozoides em uma placa de laboratório para que sejam fertilizados, essa forma de fecundação é chamada de FIV clássica, onde o encontro dos gametas acontece naturalmente.
Atualmente, porém, é comum que a fecundação aconteça por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), que envolve a injeção de um espermatozoide em um óvulo usando uma microagulha e um microscópio– aumentando as chances de sucesso da fecundação.
Cultivo embrionário
Assim que a fecundação ocorre, os embriões são encaminhados para o cultivo embrionário, uma etapa que dura de 3 a 5 dias e na qual os embriões são observados quanto à normalidade do seu desenvolvimento. Nesta etapa é possível realizar o PGT, para rastrear a possibilidade de doenças genéticas, caso exista indicação para isso.
Transferência embrionária
Ao final do cultivo embrionário, um número específico de embriões, é selecionado para ser transferido para o útero.
Na transferência, os embriões, um ou mais são colocados no útero da mulher por meio de um cateter fino e flexível inserido no colo do útero. Mais comumente, a transferência de embriões é realizada no dia 3 ou no dia 5 após a retirada do óvulo. O cateter de plástico macio é inserido o mais suavemente possível. Normalmente não é necessária anestesia para este procedimento.
O teste de gravidez é realizado entre 10 dias e 15 dias após a transferência do embrião. O teste de urina para gravidez em casa não é tão sensível para detectar uma gravidez precoce como o teste de sangue.
Posteriormente é feito o ultrassom pélvico, e com 3 a 4 semanas após a transferência é possível ver um saco gestacional dentro do útero (saco cheio de líquido que contém o embrião).
O saco vitelino geralmente é visível com 5 a 6 semanas de gravidez (4 a 5 após a transferência) e fornece nutrição para o embrião no início do desenvolvimento. Enquanto o batimento cardíaco é geralmente visível por volta de 6 a 6,5 semanas de gravidez (4 a 4,5 semanas após a transferência).
Ainda restam dúvidas sobre a FIV? Deixe suas perguntas nos comentários abaixo!