A medicina reprodutiva vem evoluindo muito nas últimas quatro décadas, com vários avanços e conquistas, resultando em um número progressivo de nascimentos, ajudando cada vez mais casais que enfrentam dificuldade de engravidar. Dentro dos avanços na reprodução assistida podemos destacar o desenvolvimento da técnica de criopreservação de embriões.
Os embriões podem ser preservados para serem transferidos posteriormente, quando serão então descongelados para a transferência embrionária, na qual um ou mais embriões são transferidos para o útero da mulher, onde se espera que eles se implantem e produzam uma gravidez.
De fato, a capacidade de criopreservar embriões usando a vitrificação melhorou significativamente nos últimos 20 anos, possibilitando, quando for necessário, o congelamento sem comprometer as taxas de sucesso da transferência desses embriões.
O método de congelamento que permite maiores taxas de sucesso é o de vitrificação, que promove um congelamento mais rápido e utiliza soluções com substâncias crioprotetoras para impedir a formação de cristais de gelo no interior das células.
Uma das perguntas mais frequentes sobre a vitrificação de embriões é por quanto tempo os embriões podem ser congelados. A resposta aceita é que os embriões podem sobreviver em crioarmazenamento por décadas, talvez séculos, ou mesmo indefinidamente, mantendo sua viabilidade. Os estudos não demonstraram qualquer prazo de validade para embriões vitrificados até agora.
Com essa técnica, é possível segmentar o ciclo de fertilização in vitro quando necessário, promovendo a transferência do embrião em ciclos seguintes, caso não seja o momento ideal.
O congelamento pode acontecer por várias situações. As mais frequentes são:
- congelamento dos embriões excedentes após a primeira transferência embrionária. Os embriões em excesso (ou seja, além daqueles que podem ser transferidos com segurança) podem ser criopreservados para uso futuro;
- em ciclos que serão realizados o estudo genético pré-implantacional. Após a biópsia, o embrião deve ser vitrificado (congelado) até que os resultados da análise genética estejam disponíveis;
- quando há risco de desenvolver a síndrome do hiperestímulo, devido a uma hiper-resposta à estimulação ovariana. Com o congelamento de embriões, é possível diminuir os riscos de síndrome de hiperestimulação ovariana;
- quando o útero não se encontra em condições adequadas para receber embriões frescos;
- alguns pacientes podem optar por congelar todos os embriões como parte de uma estratégia de preservação da fertilidade por razões médicas ou sociais. A preservação da fertilidade por meio da criopreservação de embriões, tanto para mulheres solteiras quanto para casadas, usando espermatozoides do parceiro ou doador, está aumentando em popularidade e frequência;
- entre outros;
Como é feita a transferência de embriões congelados?
Antes de descobrir como funciona a transferência de embriões congelados, é necessário entender as etapas da FIV. São 5 etapas principais e todo o procedimento é feito em laboratório, da seguinte forma:
- O primeiro passo é a estimulação ovariana, que consiste na administração de uma dosagem hormonal para a mulher, a fim de aumentar a quantidade de óvulos maduros disponíveis para a fecundação;
- No momento ideal de desenvolvimento, os óvulos são puncionados e selecionados para o procedimento de fertilização. Simultaneamente, os espermatozoides são coletados e passam por um preparo seminal para serem selecionados;
- Com os gametas já preparados, ocorre a fecundação em um meio de cultura adequado. Na FIV com ICSI, um único espermatozoide é injetado em cada óvulo;
- Após a fecundação, os embriões formados são cultivados em laboratório até que se encontrem em uma etapa de desenvolvimento ideal para a transferência, normalmente no terceiro ou quinto dia após formados;
- A última etapa é a transferência dos embriões, que ocorre quando o endométrio se encontra em condições ideais para a implantação.
A transferência embrionária pode acontecer com os embriões frescos ou congelados. Quando são utilizados os embriões congelados, não é necessário repetir as etapas anteriores da FIV, porém a mulher precisa passar por um processo chamado preparo endometrial, que pode ser realizado com um ciclo natural ou por estimulação hormonal.
Após o preparo endometrial, os embriões podem ser descongelados para o procedimento. A transferência acontece de forma semelhante à de embriões a fresco, que são colocados em um cateter e com a ajuda de uma ultrassonografia transvaginal são levados ao útero. Os embriões são inseridos no útero usando um cateter macio e flexível.
Todos os embriões a serem transferidos são carregados no cateter de transferência de uma só vez. Sob orientação de ultrassom, eles são colocados na parte superior da cavidade uterina.
Após o procedimento, o cateter é verificado para garantir que não haja embriões retidos. Estudos não comprovam que o repouso no leito pós-transferência melhore a taxa de implantação; no entanto, é comumente recomendado.
Regras para a transferência de embriões
O Conselho Federal de Medicina (CFM) determina algumas regras para o congelamento e transferência dos embriões. O número de embriões a ser transferido é determinado de acordo com a idade da mulher no momento da coleta dos óvulos:
- mulheres com até 35 anos de idade: 1 ou 2 embriões;
- mulheres entre 36 e 39 anos de idade: até 3 embriões;
- mulheres com 40 anos ou mais: até 4 embriões.
Após três anos ou mais de criopreservação, os embriões que não forem utilizados podem ser descartados caso seja a vontade dos pacientes. Em alguns casos, pode ser doado para pessoas com problemas de infertilidade ou ainda para pesquisa.
Sucesso na transferência de embriões congelados
Os resultados da transferência de embriões congelados são muito satisfatórios e se assemelham aos da transferência a fresco. Alguns fatores podem influenciar no sucesso do procedimento, como:
- a idade da mulher na qual os embriões foram congelados;
- a qualidade dos embriões;
- a resposta endometrial.
Com o avanço das técnicas de reprodução assistida e dos métodos de congelamento dos embriões, é possível preservar a qualidade embrionária e garantir mais tratamentos de sucesso.
De modo geral, a FIV pode superar muitas situações de infertilidade. O processo é realizado com métodos eficientes e seguros para os pacientes. Cada caso é analisado de forma individual para escolher a melhor opção e aumentar as chances de uma gravidez bem-sucedida.