Congelamento de óvulos

O congelamento de óvulos é uma das técnicas complementares de reprodução assistida que passou por avanços que resultaram em melhorias importantes no sucesso da gravidez. Atualmente, os procedimentos modernos para criopreservar óvulos não devem mais ser considerados experimentais e, sim, com resultados comprovados!

A expectativa de vida reprodutiva de uma mulher é finita, porque a idade compromete o número e a qualidade dos óvulos. Além disso, algumas situações genéticas e determinadas condições médicas podem acelerar esse processo. O corpo feminino não produz óvulos após seu nascimento. Em um cenário ideal, a cada ciclo menstrual a mulher passa pela ovulação e libera um óvulo, que poderá ser fecundado por um espermatozoide e gerar um embrião. Sem óvulo não há fecundação e, consequentemente, não há gestação.

Outros fatores que prejudicam a qualidade e a quantidade dos óvulos são algumas doenças ovarianas, como cistos ou endometriomas, história familiar e tratamentos de doenças como o câncer. O tratamento com quimioterápicos e radioterapia pélvica para câncer tem o potencial de comprometer a reserva ovariana, colocando as mulheres que precisam desses tratamentos com risco de insuficiência ovariana prematura.

Da mesma forma, condições genéticas como a pré-mutação do X frágil e o mosaicismo para a monossomia do X também predispõem as mulheres à insuficiência ovariana precoce. Mulheres com esses fatores de risco e outros podem ser candidatas à preservação da fertilidade antes que ocorra a falência ovariana.

A preservação da fertilidade feminina é feita por meio do congelamento de óvulos, que são criopreservados e podem ser mantidos assim por vários anos. Quando a mulher decidir engravidar, se não for possível de forma natural, seus óvulos são utilizados para a realização da fertilização in vitro (FIV).

Nos últimos 10 anos, os métodos de congelamento ultrarrápido (vitrificação) de óvulos foram aprimorados para otimizar a sobrevivência do óvulo após a criopreservação. Estudos demonstraram que óvulos frescos e congelados produzem taxas de gravidez semelhantes em ciclos de fertilização in vitro.

A criopreservação de óvulos maduros é um método disponível de preservação da fertilidade em mulheres em idade reprodutiva, representando possibilidade de gravidez no futuro, uma opção atraente para aquelas mulheres que desejam adiar a gravidez para mais tarde.

Como é feito o congelamento de óvulos?

O congelamento ou criopreservação de óvulos é feito nas clínicas de reprodução assistida nas seguintes etapas: estimulação ovariana, coleta dos gametas e vitrificação.

O primeiro passo é a estimulação ovariana, um tratamento hormonal que tem o objetivo de estimular os folículos para que a ovulação resulte em um maior número de óvulos liberados. Quanto mais gametas forem congelados, maior o número de óvulos que poderá ser fertilizado posteriormente, aumentando as chances de gravidez futura.

A estimulação ovariana é acompanhada por meio de ultrassonografias para acompanhar o crescimento dos folículos. Quando eles alcançam o tamanho ideal, os óvulos são coletados por meio de punção ovariana e em seguida são preparados e selecionados. Apenas os que estiverem maduros são criopreservados.

A criopreservação é feita por vitrificação, uma técnica de congelamento rápido que faz com que o material chegue a aproximadamente -196º rapidamente. Essa velocidade de congelamento juntamente com os crioprotetores fazem com que as chances de formação de cristais de gelo sejam menores, garantindo a qualidade dos óvulos ao descongelar.

Quando o congelamento de óvulos é indicado?

O congelamento de óvulos é indicado para mulheres que desejam preservar sua fertilidade. É utilizada, principalmente, por pacientes nas seguintes situações:

  • mulheres que querem ter filhos após os 35 anos;
  • mulheres com histórico de menopausa precoce;
  • mulheres com doenças genéticas com potencial de falência ovariana precoce;
  • mulheres diagnosticadas com doenças ovarianas;
  • mulheres que vão realizar tratamento oncológico.

Embora a fertilização in vitro (FIV) com criopreservação de embriões seja um método estabelecido de preservação da fertilidade, ela requer que a paciente tenha um parceiro masculino ou esteja disposta a usar espermatozoide de um doador.

Mulheres que não podem ou não desejam criopreservar embriões podem considerar armazenar óvulos maduros como uma boa alternativa para preservar a fertilidade.

Como os óvulos congelados são utilizados?

Os óvulos congelados só podem ser utilizados no contexto da fertilização in vitro (FIV), técnica cujo método de fecundação é realizado em laboratório. Após coletados, os óvulos não podem ser devolvidos ao corpo da mulher. Por esse motivo, é necessário realizar a fecundação e formar o embrião em laboratório, que será transferido ao útero.

A FIV é realizada em cinco etapas: 1. estimulação ovariana e indução da ovulação; 2. coleta de óvulos e espermatozoides; 3. fecundação em laboratório; 4. cultivo embrionário; 5. transferência embrionária.

Quando o casal vai utilizar os óvulos congelados, a estimulação ovariana, a indução da ovulação e a coleta de óvulos já foram realizadas. Então, nesse caso, a FIV se inicia com o descongelamento dos gametas femininos e com a coleta dos espermatozoides.

Em seguida, é feita a fecundação. Os embriões formados são cultivados por cerca de 5 dias e posteriormente são transferidos para o útero.

O número de embriões transferidos para o útero é definido de acordo com a idade da paciente no momento da coleta dos óvulos, não no momento do descongelamento:

  • até 35 anos: até 2 embriões;
  • entre 35 e 39 anos: até 3 embriões;
  • 40 anos ou mais: até 4 embriões.

O mais indicado é que a mulher realize a coleta e congelamento de óvulos antes dos 35 anos, pois é quando os gametas possuem maior qualidade. Quanto maior a idade reprodutiva da mulher, mais velhos também serão os óvulos e menor sua qualidade.

Um importante preditor de resultados positivos de óvulos vitrificados é a idade do óvulo no momento em que a técnica foi realizada (idade em que o óvulo foi vitrificado). Uma idade mais avançada do óvulo quando congelado reduz as chances de sucesso quando esses são usados para FIV ou ICSI.

As taxas de fertilização e gravidez usando óvulos vitrificados são semelhantes aos ciclos de FIV ou ICSI frescos. Embora seja possível fazer o congelamento depois dos 35 anos, quanto mais cedo melhor!

Se a mulher passa pela preservação da fertilidade, mas consegue engravidar naturalmente ou decide não passar por uma gestação, seus óvulos podem ser descartados ou doados.

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