A preservação social da fertilidade (por questões pessoais) é um procedimento realizado na reprodução assistida por mulheres que não têm planos de engravidar enquanto ainda são jovens, mas querem proporcionar essa possibilidade no futuro. No caso das mulheres, são preservados os óvulos, que são congelados e podem ser mantidos assim por tempo indeterminado, com a sua qualidade preservada.
Dessa forma, quando o paciente decidir engravidar, seus gametas terão a mesma qualidade de quando foram coletados, ou seja, a idade da paciente no momento da retirada do óvulo é que definirá a probabilidade de gravidez e não a idade da paciente no momento em que desejar a gravidez.
A preservação social da fertilidade é um procedimento indicado para mulheres que desejam adiar a decisão de ter filhos. As estatísticas demonstram um aumento crescente de mulheres que optam por adiar a maternidade.
Embora existam muitas razões pelas quais uma pessoa pode desejar postergar esse momento, é um desafio para as mulheres a queda da fertilidade relacionada à idade, que pode limitar sua capacidade reprodutiva ou o tamanho da família desejada, visto que, conforme as mulheres envelhecem, a fertilidade diminui.
As mulheres possuem um número limitado de óvulos para a reprodução que vai diminuindo com o passar dos anos. Além disso, o envelhecimento dos gametas femininos afeta negativamente sua qualidade, diminuindo seu potencial de fertilização e aumentando as chances de formar embriões aneuploides (com alterações genéticas).
Os homens não experimentam o mesmo declínio previsível na fertilidade relacionado à idade em comparação às mulheres. Embora a fertilidade masculina possa ser afetada pela idade, o declínio ocorre muito mais tarde na vida. Assim, a preservação de espermatozoides não é tipicamente realizada por questões de idade avançada.
Quem são as candidatas a preservação social da fertilidade
Não existe um único fator ou conjunto de critérios absolutos que determinem quem é uma boa candidata para a preservação eletiva da fertilidade. Os principais fatores a serem considerados são a idade da paciente, marcadores de reserva ovariana e a idade prevista para gravidez.
Pacientes mais jovens com reserva ovariana diminuída podem se beneficiar do congelamento de óvulos, especialmente se previrem que levará vários anos antes de estarem prontas para a gravidez. Ou. por exemplo, uma paciente cuja mãe entrou na menopausa antes dos 40 anos de idade deve considerar a criopreservação de óvulos mais cedo, dado o potencial de menopausa precoce também.
Pacientes com 30 a 37 anos são geralmente consideradas candidatas ideais para preservação eletiva da fertilidade, pois são as mais propensas a terem óvulos de boa qualidade para congelar, ao mesmo tempo que têm uma probabilidade relativamente alta de utilizar seus óvulos congelados.
Pacientes com 38 a 42 anos com boa reserva ovariana podem responder bem à estimulação ovariana e produzir óvulos suficientes para ter uma chance razoável de gestação no futuro, embora essa taxa seja menor do que para pacientes mais jovens. Algumas pacientes podem passar por mais de um ciclo de estimulação para obter um número adequado de óvulos.
Preservação social da fertilidade
A criopreservação de óvulos por meio de vitrificação é um método estabelecido de preservação da fertilidade.
Como é feita a preservação social da fertilidade?
A preservação social da fertilidade é feita por meio do congelamento de gametas, também conhecido como criopreservação. Esse processo é realizado por vitrificação, um processo de solidificação no qual os óvulos são tratados com substâncias crioprotetoras e imersos em nitrogênio líquido a uma temperatura de 196 graus abaixo de zero. A criopreservação de óvulos por meio de vitrificação é um método estabelecido de preservação da fertilidade.
Para que os gametas possam ser congelados, eles precisam ser coletados. O processo acontece de forma diferente para homens e mulheres.
Fertilidade feminina
A coleta de óvulos é feita por meio de punção ovariana, mas para isso acontecer é necessário realizar a estimulação ovariana, que é feita com medicamentos hormonais, a fim de fazer com que um número maior de folículos seja estimulado e amadureça.
Esse processo é acompanhado por ultrassonografias e quando os folículos atingem o tamanho adequado é feita a coleta dos óvulos por meio de um procedimento cirúrgico simples, no qual os folículos ovarianos são aspirados e os óvulos recuperados, conhecido como punção ovariana, feita por via vaginal e sob anestesia.
O líquido aspirado dos ovários é encaminhado para o laboratório de reprodução assistida e os óvulos são separados. O congelamento acontece por meio de vitrificação e os gametas são mantidos preservados até o momento que a mulher decidir usá-los. O processo de vitrificação de óvulos é igual ao ciclo inicial de FIV, no entanto, os óvulos maduros recuperados não são fertilizados, mas vão diretamente para a vitrificação e armazenamento.
Fertilidade masculina
A preservação masculina é feita por criopreservação dos espermatozoides, que são coletados por masturbação. O processo é bastante simples e rápido. O sêmen coletado passa por um processo chamado preparo seminal, em que os espermatozoides são separados do líquido seminal e em seguida selecionados. Apenas os mais saudáveis são criopreservados.
Para os homens, não é urgente que se faça a preservação da fertilidade, já que mesmo com a idade bem mais avançada ainda é possível ter filhos. Porém, a qualidade dos gametas vai sendo diminuída com o passar dos anos, e ainda existe a possibilidade de uma doença, procedimento ou trauma físico prejudicar sua fertilidade.
Preservação social da fertilidade e reprodução assistida
Após a preservação social da fertilidade, para utilizar os gametas criopreservados é necessário passar pela reprodução assistida.
A FIV é a técnica indicada tanto para homens quanto para mulheres que passaram pela preservação da fertilidade. Os óvulos são descongelados e então são fertilizados com espermatozoides de parceiros ou de doadores.
Depois que a fertilização é confirmada, o desenvolvimento do embrião é monitorado por três a cinco dias, momento que os embriões com desenvolvimento ideal são transferidos para útero para dar início à gestação. O número de embriões que pode ser transferido ao útero varia de 1 a 4, dependendo da idade da mulher, e o principal objetivo é reduzir o risco de gestação gemelar.
Os resultados são semelhantes entre óvulos frescos e óvulos vitrificados. Um fator importante nos resultados da preservação da fertilidade é a idade do óvulo quando congelado ou vitrificado.
Ainda, se o paciente que realizou o procedimento decidir não utilizar os gametas preservados, seja porque engravidou naturalmente, seja porque decidiu não ter um filho biológico, o material pode ser doado para pesquisa, descartado ou, se desejar, em casos selecionados, doado para que outras pessoas que não possuem gametas próprios realizem o sonho de uma gestação.