A fertilidade é um tema que envolve diversas nuances e fatores, e, para casais que estão tentando ter filhos, compreender o funcionamento do corpo e os fatores que afetam a fertilidade pode ser essencial. Entre os muitos exames e indicadores que ajudam a avaliar a saúde reprodutiva, um dos mais importantes para as mulheres é o AMH (Hormônio Antimülleriano). Mas o que exatamente o AMH significa, e por que ele é tão relevante no contexto da fertilidade?
Neste artigo, vamos explorar o que é o AMH, como ele funciona no corpo, como o exame de AMH pode ser usado para avaliar a reserva ovariana e de que forma ele pode influenciar decisões no tratamento de fertilidade.
O que é o AMH?
O AMH, ou Hormônio Antimülleriano, é uma proteína produzida pelas células dos folículos ovarianos, mais especificamente pelos folículos primordiais e antrais, que são aqueles que ainda não atingiram a maturidade. A principal função desse hormônio é inibir o desenvolvimento prematuro de folículos e, dessa forma, ajudar a regular o processo de maturação dos óvulos.
Uma das razões pelas quais o AMH é tão importante é que seus níveis no sangue podem fornecer uma visão clara sobre a reserva ovariana da mulher, ou seja, a quantidade de óvulos que ela ainda tem disponíveis para a fertilização. Diferente de outros marcadores hormonais que flutuam durante o ciclo menstrual, os níveis de AMH permanecem estáveis ao longo do mês, tornando-o um indicador confiável para avaliar a fertilidade feminina.
Como o AMH reflete a reserva ovariana?
Ao nascer, uma mulher tem um número fixo de folículos, e com o passar dos anos, essa reserva ovariana vai diminuindo progressivamente até a menopausa. O exame de AMH é um dos principais métodos utilizados para medir essa reserva, pois quanto maior a quantidade de folículos, maior a produção de AMH. Assim, níveis elevados do hormônio indicam uma reserva ovariana maior, enquanto níveis mais baixos podem sugerir uma reserva mais limitada.
Embora o AMH não seja um indicador direto da qualidade dos óvulos, seus níveis ajudam os especialistas em fertilidade a estimar a quantidade de óvulos remanescentes e, com isso, entender melhor as chances de uma mulher conceber, seja naturalmente ou por meio de técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV).
O que os níveis de AMH indicam?
É importante destacar que os níveis de AMH podem variar consideravelmente de uma mulher para outra, dependendo de fatores como idade, genética e saúde reprodutiva. Aqui está uma explicação básica do que os diferentes níveis de AMH podem indicar:
AMH elevado: Níveis altos de AMH, geralmente acima de 4,0 ng/mL, podem indicar uma reserva ovariana maior. Mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP), por exemplo, tendem a ter níveis elevados de AMH devido ao grande número de pequenos folículos que se formam nos ovários. Embora a reserva ovariana seja boa, nesses casos, a ovulação pode ser irregular.
AMH normal: Valores entre 1,0 e 4,0 ng/mL são considerados normais para mulheres em idade fértil e indicam uma boa reserva ovariana. Mulheres com níveis normais de AMH têm uma chance razoável de conceber, seja naturalmente ou por tratamentos de fertilidade, como a FIV.
AMH baixo: Quando os níveis de AMH são inferiores a 1,0 ng/mL, isso pode ser um sinal de que a reserva ovariana está diminuída. Embora isso não signifique que a mulher não possa engravidar, pode indicar uma redução na quantidade de óvulos disponíveis. Níveis baixos de AMH são mais comuns em mulheres que estão próximas da menopausa ou que apresentam condições como insuficiência ovariana prematura. Neste caso, os tratamentos de fertilidade podem ser uma alternativa para ajudar a conceber.
Por que o AMH é importante em tratamentos de fertilidade?
O exame de AMH é uma ferramenta crucial em tratamentos de fertilidade, como a fertilização in vitro, por diversas razões. A primeira delas é que ele permite aos médicos avaliar o potencial de resposta dos ovários à estimulação hormonal, que faz parte dos tratamentos de reprodução assistida. Mulheres com níveis de AMH muito baixos podem ter uma resposta mais fraca aos medicamentos de estimulação ovariana, resultando em menos óvulos coletados para a FIV.
Além disso, o AMH ajuda a prever o risco de certas complicações no tratamento. Por exemplo, mulheres com AMH muito elevado, especialmente aquelas com síndrome dos ovários policísticos (SOP), podem estar em maior risco de desenvolver síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO), uma condição potencialmente grave causada por uma resposta exagerada aos medicamentos de estimulação ovariana.
Quando fazer o exame de AMH?
Diferente de outros exames hormonais que precisam ser feitos em dias específicos do ciclo menstrual, o exame de AMH pode ser realizado em qualquer momento, pois seus níveis não sofrem grandes variações ao longo do ciclo. O teste é feito a partir de uma simples coleta de sangue, e os resultados fornecem uma visão valiosa sobre a saúde reprodutiva da mulher.
Esse exame é recomendado principalmente para:
Mulheres com mais de 35 anos que estão tentando engravidar, já que a reserva ovariana tende a diminuir com a idade.
Casais que estão tentando conceber há mais de um ano sem sucesso, como parte de uma investigação de fertilidade.
Mulheres que vão se submeter à FIV, para que os médicos possam planejar o tratamento com mais precisão.
Mulheres que desejam congelar óvulos para preservar a fertilidade futura.
O AMH e a idade
A idade da mulher é o fator mais importante quando falamos de fertilidade. O declínio da reserva ovariana com o passar dos anos é inevitável e, consequentemente, os níveis de AMH também caem à medida que a mulher envelhece. É por isso que o teste de AMH é tão valioso: ele pode ajudar a fornecer uma ideia clara de quanto tempo a mulher ainda tem antes que sua fertilidade comece a declinar significativamente.
Mulheres jovens com níveis baixos de AMH podem precisar considerar opções como a preservação de fertilidade por congelamento de óvulos, enquanto mulheres mais velhas com AMH adequado podem ter uma janela maior de tempo para tentativas de gravidez, tanto naturalmente quanto por meio de tratamentos.
Considerações finais
O AMH é uma peça importante do quebra-cabeça da fertilidade. Embora não seja o único fator a ser considerado ao avaliar as chances de uma gravidez, ele oferece informações essenciais sobre a quantidade de óvulos ainda disponíveis. Para mulheres que estão tentando engravidar, o exame de AMH pode ajudar a orientar as decisões e personalizar os tratamentos de fertilidade.
Se você está planejando engravidar, seja agora ou no futuro, e deseja saber mais sobre sua reserva ovariana, converse com um especialista em fertilidade. Um simples exame de AMH pode ajudar a fornecer uma visão clara sobre suas opções, permitindo que você tome decisões informadas sobre o planejamento familiar.