O sequenciamento de nova geração (next generation sequencing – NGS) é um método de sequenciamento do DNA que usa o sequenciamento paralelo de vários pequenos fragmentos de DNA para determinar a sequência, tornando prático sequenciar todo o genoma do indivíduo.
O NGS tem um custo reduzido em relação a técnicas anteriores, o que aumenta a sua procura e tem inúmeras aplicações em diversas áreas. É utilizada como ferramenta clínica para o diagnóstico genético em adultos e crianças. O NGS também pode ajudar no rastreamento e tratamento do câncer e suas variações (na área de oncologia).
Esse estudo vem revolucionando a medicina reprodutiva e auxiliando muito nas técnicas de reprodução assistida. Ele permite a identificação de muitas doenças, alterações genéticas e das condições do endométrio.
Assim, o NGS, geralmente, é empregado no PGT (teste genético pré-implantacional), que tem o objetivo de avaliar a constituição genética do embrião para analisar os cromossomos, identificando possíveis alterações. A anormalidade genética mais comum identificada em embriões é a aneuploidia. Portanto, o PGT-A (teste genético pré-implantação para aneuploidia) permite selecionar os melhores embriões a serem utilizados no tratamento, aumentando as chances de sucesso na gravidez.
A técnica também pode ser utilizada no ERA (teste de receptividade endometrial); e na microbiologia, permitindo estudos de comunidades microbianas em nível molecular no trato reprodutivo, inclusive, avançando nas descobertas da microbiota endometrial.
O NGS é utilizado no contexto da fertilização in vitro (FIV) e funciona como etapa complementar do tratamento. Não interfere nos procedimentos que já são realizados normalmente e a opção da sua realização é avaliada individualmente. Alguns fatores são levados em consideração, como:
- a idade da mulher;
- o histórico de doenças hereditárias;
- casos de outras gestações com a presença de anomalias genéticas;
- falhas de implantação.
Com isso, é possível diminuir os riscos de abortamentos de repetição, doenças relacionadas a malformações cromossômicas, anomalias como a síndrome de Down, entre outras. Por isso, o NGS é considerado como uma forma de complementar o tratamento da reprodução assistida, com resultados mais precisos, alto rendimento e menores custos.
Trata-se de uma técnica para reduzir os riscos de transmissão de doenças genéticas e aumentar as chances de sucesso da FIV, mas as indicações são bem específicas, não sendo um exame de rotina.
Como o NGS é realizado na reprodução assistida
Na reprodução assistida, o NGS é realizado para casais que estão em tratamento pela fertilização in vitro (FIV), que é uma técnica considerada de alta complexidade, em que a fecundação é realizada em laboratório. Esse tratamento possui um elevado número de resultados positivos e conta com os melhores recursos para isso.
A FIV é muito indicada em vários casos de infertilidade e em casos de falhas em outras técnicas. Ela é realizada em cinco etapas principais: estimulação ovariana, punção folicular e coleta dos espermatozoides, fecundação, cultivo dos embriões e transferência embrionária.
Esse método de reprodução conta ainda com inúmeras técnicas complementares que são utilizadas durante o tratamento, a fim de aumentar as chances de alcançar a gravidez de forma saudável para a mãe e para o bebê.
As etapas da FIV acontecem normalmente, e o NGS funciona como um procedimento adicional, contando com duas ou três etapas a mais. Primeiramente, o casal passa por um mapeamento genético (cariótipo) ao início do tratamento, para avaliar possíveis alterações com possibilidade de transmissão aos filhos. Após mapear as alterações, é possível identificá-las mais facilmente nos embriões.
Em seguida, a mulher passa pela estimulação ovariana, recebendo uma dosagem hormonal maior para estimular o desenvolvimento de mais óvulos maduros disponíveis para a fecundação. Esse processo é acompanhado por ultrassonografias para identificar o momento ideal da maturação.
Quando se encontram em nível de desenvolvimento adequado, os óvulos são puncionados e selecionados para o procedimento. Os espermatozoides são coletados neste momento e passam por um preparo seminal a fim de selecionar os melhores para serem usados na fertilização.
A fecundação na FIV é feita por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), quando os espermatozoides são inseridos individualmente nos óvulos. Depois de fecundados, os óvulos permanecem em um meio de cultura adequado para que ocorra o cultivo dos embriões formados.
A outra etapa é adicionada durante o cultivo embrionário e consiste em uma biópsia do embrião. Geralmente, após o quinto dia de desenvolvimento, em sua fase de blastocisto, a biópsia é feita nos embriões para coletar o material genético. Isso ocorre nessa fase devido ao fato de os embriões possuírem mais células formadas e mais material a ser analisado. Assim, é possível avaliá-los e verificar a presença de alterações genéticas que possam desenvolver doenças e anomalias.
Após esse processo, os melhores embriões podem ser selecionados para a transferência ao útero, aumentando assim as chances de uma implantação de sucesso e possibilitando a formação de um feto livre de doenças hereditárias. A implantação ocorre de forma natural no útero, quando os embriões se fixam nas paredes do endométrio e dão início à gestação.
Quando o NGS é indicado
Projetado para minimizar as chances de embriões geneticamente anormais, o teste genético pré-implantação para aneuploidia (PGT-A), utilizando a técnica NGS, visa evitar aborto espontâneo e filhos com alterações cromossômicas (trissomias) e melhorar o sucesso da fertilização in vitro.
Mulheres que já passaram pelo tratamento de reprodução assistida e evoluíram com a falha de implantação devem fazer o NGS para evitar que isso se repita. Existem alguns outros casos em que o exame pode ser indicado:
- a mulher tem mais de 38 anos de idade e maior risco de alterações cromossômicas;
- a mulher já enfrentou anomalias em outras gestações;
- a mulher passou por abortos de repetição, que podem estar relacionados a alterações cromossômicas;
- há fatores de infertilidade masculina grave;
- existe um histórico de doenças hereditárias.
O NGS permitiu um aumento dramático na velocidade e uma redução no custo, fazendo com que seja uma opção viável para casais em tratamento de infertilidade. Representa um avanço enorme na reprodução assistida e é um grande auxílio no tratamento.